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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Como surgiu Lágrima da Deusa - pt. 6 - A Apresentação

Após um longo ano de trabalho e de muita expectativa, chegava o dia D da faculdade, o que todos não veem a hora de chegar simplesmente para passar logo: a apresentação do trabalho final, o TGI. Era a hora da verdade, completar o ciclo de 4 anos de curso. Mostrar a sua idéia ao mundo (pelo menos ao pequeno mundo da banca que assiste sua apresentação e amigos, parentes e um ou outro curioso).

Aquela noite de dezembro finalmente chegou e eu estava bem treinado para apresentar meu projeto, seguindo o cliché de usar como guia um arquivo feito em powerpoint. Treinei bem em casa e tinha tudo na ponta da língua. Só que minha língua realmente não era treinada para um trabalho desta magnitude. Sempre, em todos os outros trabalhos de faculdade e escola, sofria e quase não falava nada por conta de minha timidez e insegurança. Me dá aflição só de lembrar. Contei sempre com a ajuda e paciência de amigos, a quem devo muito e sou eternamente grato. Desta vez não tinha como. Era eu e somente eu. Mais do que enfrentar um público, tinha de enfrentar meus próprios medos, uma batalha que hoje em dia, após esses anos, digo com plena certeza que finalmente estou aos poucos melhorando e vencendo.

Na minha turma de programação visual tinha uns 20 alunos e as datas das apresentações foram definidas por um sorteio realizado em sala de aula, sendo que cada dia seriam duas apresentações. Tive a grande sorte de ficar pro último dia, junto com um grande amigo. Além de poder ter mais um tempo para finalizar o trabalho, poderia assistir as outras apresentações, tendo assim como observar o que a banca examinadora observava e assim melhorar alguma coisa. O lado ruim é que com este tempo a mais ficaria mais ansioso pela minha vez. E, meu Deus, como fiquei!

No dia em si não fiz nada a não ser treinar a apresentação e tentar relaxar, mas foi difícil. Cheguei bem mais cedo à faculdade, levando minha CPU debaixo do braço. Encontrei alguns colegas e outros que pensei que só veria na colação de grau e na festa de formatura. Isso na realidade era sinal de que teria a casa cheia naquele dia, ou seja, muita gente assistindo a apresentação. Devido a doença, o professor responsável ausentou-se no dia anterior e as duas apresentações daquele dia passaram para o meu. Droga... Mais um desafio... Fazer o quê.

Lá fui eu pra sala. Na realidade eu seria o 3° na ordem de apresentação e talvez ficasse livre da maioria das outras pessoas que foram ver as outras apresentações. Mas minha irmã estava grávida, praticamente dando a lúz, e não aguentaria esperar muito. Resultado: tive que adiantar minha apresentação. Em palavras aqui já usadas, a casa estava cheia. Muito.

Deixei instalado minha CPU e assisti a 1a apresentação. Foi rápido até. Aí chegou minha vez. Finalmente... Nervoso que nem eu estava, fui pra frente da sala. Como as coisas dão errado quando não devem dar, deu. Havia levado um pointer para passar os slides da apresentação enquanto falava, mas não funcionou. Em casa havia funcionado, mas lá não. Nervossismo aumentando e eu suando... Então um amigo assumiu e foi mudando pra mim. Aí sim começou de verdade. Não dá pra explicar o terror que eu senti, a vergonha, tudo aquilo que eu passei enquanto apresentava meu projeto. Muitos olhos me assistindo, pensando, julgando. Terrível. Era meu pior pesadelo, ali, lado a lado comigo. Mas continuei. Sofrendo e aos trancos e barrancos. Chegou a hora de mostrar no programa em 3D como fiz as modelagens e animações. Infelizmente o computador estava demais em questão de lerdeza e não consegui abrir nada pronto. Acabei mostrando imagens já prontas do que havia feito. E pra piorar o antivirus teimava em mostrar que meu PC estava infectado. Maldito! Continuei, dizendo nervosamente que aquilo não fazia parte do trabalho. Era pra ser uma brincadeira, mas nervos como estava, não saiu direito...
Pra finalizar, tentei passar o VHS da abertura, só que não saía nada na projeção. Buscaram o responsável e ele arrumou, assim mostrando a abertura que fiz. Fui aplaudido. O pior passou. Agradeci a todos que me ajudaram, especialmente a minha mãe por bancar a faculdade, e aos amigos professores envolvidos do começo ao fim no projeto.

Exageros a parte em relação ao sofrimento que foi pra mim tudo isso, pela minha característica retraída, minha voz saía baixa e pra dentro. Este foi o ponto negativo que mais me chamaram a atenção na banca. Até aí tudo bem. Era uma coisa pra melhorar. De modo geral, elogiaram, gostaram da história, falaram pra continuar o projeto, etc... O professor de projeto até se emocionou ao comentar de toda a evolução, de ter mostrado empolgadamente a ele tudo o que conseguia pro projeto. Minha orientadora também elogiou e me defendeu dos outros presentes a banca no sentido de eles terem falado que eu não vendia meu produto, não mostrava confiança nele. Não era verdade de maneira alguma. Era a questão da timidez mesmo. E finalmente também recebi elogios de meus parentes que resolveram falar ao serem dadas a palavra pelo professor.

Foram muitas, mas muitas emoções naquela noite quente de dezembro. Desde a extrema ansiedade até o choro honesto de missão cumprida. Este foi o fim daquele trabalho, da convivência com amigos e professores. O fim de um ciclo. Uma grande conquista.

Mas ali dava-se início a uma nova era, que ainda está se desenvolvendo para entrar para a história. A história de minha vida.

Abraços!

J. C. Cartolano

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