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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Último texto do curso

Esta foi minha última criação para o curso que terminou no começo deste mês. Uma pena, mas tudo um dia acaba... Bom, foi bem divertido criar este texto, especialmente por forçar a utilizar a criatividade. Realmente gostei do resultado final e fiquei satisfeito. Aí está ele:

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O Mago do Reino
J. C. Cartolano

Havia um mago em um reino. Fazia magia de água, terra e ar, exceto de fogo. Se chove muito para regar as plantações, é obra dele. Está nevando? Está aí uma de suas magias preferidas. Um vendaval varrendo as sujeiras da praça com certeza tinha seus dedos. Fogo na floresta? Pode-se ter certeza que ele é inocente. Por mais que tentasse não conseguia acender uma vela...
Naquele dia o fogo se alastrava pelo pasto e foram logo atrás dele. Quem sabe uma chuvinha não resolvesse.
“Onde está o nosso mago?” berrou o rei, sentado em seu trono.
“Não sei, Vossa Majestade... A equipe está procurando há horas...” respondeu o capitão da guarda, ajoelhado em frente ao rei.
“Já são 11 horas da manhã e nada dele! O alarme soou às 9h!”
“Eu sei, Vossa Majestade...” respondeu o capitão. “Ao menos o gado foi salvo. De todo modo, se o fogo continuar neste ritmo o pomar real virará cinzas.”
“Não!” berrou o rei”. “Meu pomar valioso! Um milhão de moedas de ouro jogado fora! Quantos soldados você designou para encontrar o mago?”
“Mais de 50 soldados estão procurando por toda a cidade. O restante tenta controlar o fogo.”
“Muito bem! Continue procurando o mago!” comandou o rei. Após o capitão da guarda deixar a sala do trono, o rei voltou-se ao conselheiro de pé ao seu lado. “Os Reinos Independentes sentirão no comércio caso o pomar queime... No pior cenário, o quanto representaria esta perda, conselheiro?”
“Cerca de 65% seriam perdidos.” disse o conselheiro após examinar o livro que segurava. “Seu reino estará em apuros caso isso aconteça, Vossa Majestade!”
“Maçãs, laranjas, bananas, peras, romãs, tudo desaparecerá...” lamentou o rei.
“Nossa esperança está com o mago. Ele é um dos que conhecem mais feitiços.”
“Sim, conselheiro. Nós humanos desprovidos de magia somos quase inúteis para apagar um incêndio.” refletiu o rei.
“Estive pensando” começou o conselheiro. “Se perdermos o pomar Vossa Majestade ou o mago será o culpado?”
“Hm, então precisa-se de um culpado...”
O rei sabendo aonde o conselheiro queria chegar, exclamou: “O mago, logicamente! Vamos, conselheiro, não conseguirei ficar aqui sentado enquanto não resolvermos esta questão!”
O rei com o conselheiro deixaram o salão do trono e o castelo para participar da busca ao mago.
Percorreram quase a cidade inteira perguntando aos moradores e aos soldados que encontravam no caminho. Chegaram finalmente ao local onde estava o incêndio. O pasto e o pomar eram enormes, quase o tamanho da cidade. As chamas avançavam ameaçadoramente apesar do trabalho incessante dos soldados e de alguns cidadãos. O capitão da guarda veio correndo assim que viu o rei.
“Vossa Majestade, encontramos o mago!”
“Onde ele está? Como o encontraram?” perguntou o rei, ansioso.
“O cavalariço e eu ouvimos um choro dentro de uma baia. Com certeza não era um cavalo, então verificamos.”
“Ótimo trabalho! Mas por que ele não está apagando o incêndio?” perguntou asperamente o rei.
“Bem, ele se recusa a sair da baia. Diz estar envergonhado, mas não diz o porquê”
“Como? Falarei com ele a sós!” berrou o rei, e deixou o capitão e o conselheiro para trás, acatando a ordem.
Ao chegar ao estábulo um e outro soldado conversavam entre si tentando descobrir o que levara o mago a se esconder e, principalmente, chorar. Percebendo a chegada do rei prestaram as devidas honras e saíram de seu caminho após o gesto brusco dele que indicava que sumissem dali.
Atrás de um cavalo malhado estava o mago, soluçando. Logo o rei se aproximou, perguntando na sua voz mais calma possível, apesar da urgência:
“Me diga, mago, o que aconteceu para estar assim desesperado? Caso não saiba há um incêndio destruindo o pasto e, se você não tomar alguma providência, o pomar real desaparecerá! Sabe o que isso significa?”
“Sim, eu sei, Vossa Majestade...” disse o mago após enxugar com a manga de sua veste as lágrimas.
“Então erga-se! Mexa-se e salve o pomar agora!” comandou o rei, perdendo a paciência.
“Não posso...”
“Como não pode? Você é o melhor mago que já pisou no reino! Nem um nem outro mago esteve à sua altura! Sei que sua única fraqueza é não conseguir conjurar um fogo. E não é disso que precisamos no momento...”
“Bem, é exatamente esse o problema...” choramingou o mago.
“Então qual é o problema?” pediu o rei, quase implorando.
“Fui eu... Fui eu quem incendiou o pasto...”
“O que você fez?” explodiu o rei. “Por que razão?”
“Na verdade eu tentei, pela ultima vez, conjurar o fogo. Precisava saber esta magia para me tornar um mestre. Mas perdi o controle e a chama acertou o gramado e...”
O rei o encarou, a princípio furioso. Logo em seguida começou a rir. O riso passou a uma gargalhada e o mago perguntou, inocentemente:
“Vossa Majestade, o que isso tem de engraçado? Não serei punido?”
“Você não percebe o que fez? Você conseguiu usar o fogo! Você conseguiu usar o fogo!” repetiu o rei incrédulo, não sem deixar de gargalhar.
“Eu consegui usar o fogo?” meditou o mago. “Eu consegui usar o fogo!”O mago então se juntou ao rei na alegria. A notícia se espalhou como o fogo e o povo passou a rir também enquanto o incêndio continuava a queimar impiedosamente.

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