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segunda-feira, 6 de abril de 2009

O texto para o episódio piloto de Lágrima da Deusa

Consegui encontrar em um CD esta raridade (pelo menos pra mim é). Este é o texto original, a primeiríssima versão do primeiro capítulo de Lágrima da Deusa. No caso, ainda era para ser um episodio de animação. Ainda criei uma lenda, que seria parte da abertura do programa. Sem muita encheção de linguíça (preste atenção na regra nova da língua portuguesa, a extinção do trema. Que o trema vá em paz! E que faça ainda tremer os nomes daqueles que ainda o possua e tremule a bandeira em temor da próxima mudança gramatical! - me empolguei e acabei enchendo muita linguiça, hahahaha!), aí vai:

“Quando uma era entra em escuridão e o mal surge mais uma vez ameaçando o que há de bom no mundo, uma lágrima cairá do céu. Esse brilho celestial traz em si toda a esperança, coragem e força que se precisa para superar os obstáculos encontrados na busca da paz. Todas as forças da natureza se unirão: a água, a terra, o ar, o fogo, a luz, a escuridão. Há quem diga que a Deusa criadora está chorando em compaixão por todas as criaturas atingidas por esse triste destino. Essa é a lenda da
Lágrima da Deusa.“.

A história se inicia ao final de um dia extremamente quente. O protagonista Lano, um garoto de 15 anos, estava trabalhando numa plantação. Ao final da tarde, ele resolve se refrescar num rio, que fica nas proximidades. Lano fica boiando no rio, e ouve algo se mexendo em um arbusto. Olhando para aquela direção, vê que não há nada lá. Então volta a olhar para o céu.
De repente, Lano sente algo em seu corpo. Uma serpente enorme enrolou-se ao redor dele, e começa a tentar afogá-lo. No desespero, vê algo brilhando no fundo do rio: uma espada! Após muita luta, ele a alcança e desfere um golpe mortal na criatura.
Ao sair d´água, ele examina e nota alguns aspectos peculiares na arma. Há um símbolo desenhado na lâmina, algo que ele nunca viu na vida. E no cabo, uma espécie de orifício em forma de lágrima. Lano deu conta que estava anoitecendo. Então correu em direção a sua casa, indagando sobre o que acabará de ocorrer: nunca vira um monstro daqueles por ali. O que estaria acontecendo? E essa espada? Como ela foi para no fundo daquele rio?
Chegando em casa, sua mãe, com preocupação, avisa que seu irmão não havia voltado até então:
-Lano, vá atrás de seu irmão. Ele nunca chega após anoitecer. Estou muito preocupada.
-Pode deixar mãe. Ele deve ter brincado demais com seu amigo, e não percebeu a hora passar. Fique tranqüila, que já estou indo.
Ele então sai em busca de seu irmão, com sua nova aquisição, através da mata escura. Após seguir alguns minutos mata adentro, ouve um pedido de socorro! Numa clareira estava seu irmão, cercado por três onças-pintadas. Mas havia algo estranho com os animais, seus olhos estavam totalmente azuis-escuros e com um brilho estranho.
-Dodô, vá pra casa e não saia de lá. Eu cuido delas - disse Lano ao dar uma cotovelada numa onça, e derrubando-na. Seu irmão não discute e desesperadamente foge.
Lano vence a dura batalha, mas os corpos dos animais desaparecem, sem deixar vestígios. Sumiram num piscar de olhos, deixando-o boquiaberto. Sem mais delonga, ele retornou para seu lar.
Ao abrir a porta, sua mãe estava a sua espera:
-Meu filho, vamos conversar. Seu irmão já foi se deitar. Ele está bem, fique calmo - ela estava sentada com um olhar vago, em direção à lareira.- Acho que você deve ir para a cidade de Tuna, falar com seu tio. Eu sei que é repentino, mas esse ataque não parece ter sido por acaso. Já preparei provisões para sua viagem. Vá deitar e parta cedo.
-Eu entendo sua preocupação, e também quero achar a resposta para isso. Mas eu não sei chegar em Tuna.
-Basta seguir para o leste, na estrada que sai da vila. São três dias de viagem e não tem nenhuma cidade ou vila pelo caminho. Vá depressa, pois sempre existem ladrões nessa região.
-Tudo bem, eu posso me cuidar. Mas eu acho o tio no porto da cidade, não é?
-Sim. Agora vá deitar-se. Boa noite meu filho e boa sorte - Lano abraçou a mãe, e sumiu sob a penumbra da porta do quarto. - Lano abraçou a mãe, e sumiu sob a penumbra da porta do quarto.
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Era manhã, e o sol surgia timidamente atrás das montanhas, quando Lano partiu para a cidade. Seu tio, por parte de pai, é o capitão da guarda que cuida do porto da cidade. É conhecido no reino do norte por ser um excelente guerreiro. Ele conhece muitas pessoas na região. Com certeza ele saberia de alguém que poderia ajudá-lo. Ao pensar no seu tio, conseqüentemente se lembra de seu pai. Ele mal o conheceu, pois ele deixou a família quando ele tinha cinco anos, para ajudar seu irmão contra a invasão pirata em Tuna. O pai desapareceu em combate.
Lano brandia a espada no ar, e a examinava novamente. Ele já tinha experiência com espadas, mas nunca se dedicou ao uso delas. Um silêncio repentino. O som de passos. Ao se virar, um vulto surge atrás dele. Lano aponta arma na direção, mas o vulto fala:
-Pare, Lano, sou eu - arfando, seu irmão Dodô colocou uma mão na perna e a outra em frente ao rosto, como se pudesse parar a lâmina da espada. – Eu... Eu... Vou com você.
-De jeito nenhum! Como a nossa mãe ficará sozinha? Quem cuidará dela?
Como...?
-Pode deixar, que minha família cuidará disso - Detrás do seu irmão, apareceu uma garota, com os cabelos negros como o céu noturno, e os olhos, uma estranha, mas bela diferença de cores: um azul e um verde. Era Maria, sua vizinha, uma garota teimosa que não aceitava ordens, e que cresceu junto com Lano. Sua família era uma das mais ricas da região.
Após muita discussão, Lano começou a andar, dizendo que não iria se responsabilizar por ninguém. Maria e Dodô se olharam, sorriram e foram atrás dele. Seria um longo caminho até a cidade. O dia quase amanhecera, quando os três pararam subitamente e olharam para cima: algo incrivelmente brilhante caia do céu. Era indescritível aos olhos deles. Foi como se o tempo parasse para somente o objeto luminoso cair suavemente, deixando um rastro em seu trajeto.
-Mas o que é isso?- disse Maria, embasbacada.
-Eu não tenho a menor idéia, mas é impressionante.- Dodô respondeu.
Lano não conseguia tirar os olhos do céu, quando sentiu algo molhando a mão que segurava a espada. Ela estava literalmente chorando. As lágrimas saiam do orifício, do cabo e caiam no chão. Após a última lágrima tocar o chão, a poça começou a brilhar e a se transformar em uma forma. A forma final era uma seta, que apontava para o nordeste.
-Ai, minha Deusa! O que esta acontecendo. Primeiro fui atacado no rio por uma serpente enorme, quando achei essa espada. Depois as onças que te cercaram, Dodô. Agora cai do céu uma coisa estranha, e a minha espada chora! E essas lágrimas formam uma seta que aponta justamente onde caiu essa coisa.
-Realmente é incrível! Vamos atrás dela! - Maria disse na hora, com sua voz autoritária.
-De jeito nenhum, nós temos que encontrar nosso tio o mais rápido possível. Ele saberá o que fazer. Não é, Lano? Lano?
-Acho que Maria tem razão. Quando essas lágrimas caíram, eu ouvi algo estranho em minha mente, algo me chamando, pedindo ajuda. Senti que algo importante está para acontecer, que tudo o que me ocorreu até agora está ligado a isso. Portanto eu vou atrás dessa luz, antes de ir até Tuna. Estou partindo agora e peço que vocês não venham, pois não sei o que vou encontrar pela frente. Adeus.
Lano ajeitou sua mochila e partiu para o nordeste, sem olhar pra trás. Dodô olhou triste para o chão:
-Acho que vou voltar pra casa. Ele não quer nossa companhia.
-Não seja bobo, é claro que ele quer nossa companhia. Ele apenas não quer que corramos perigo. Bom de qualquer jeito, eu vou atrás dele. Até mais, Dodô.
-Ahhh!! Acho que vou me arrepender algum dia. - Dodô disparou atrás de Maria - Esperem por mim!
Então os três partiram naquela manhã.


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Eu acho muito legal ver a evolução que a história passou, além, de minha própria escrita. Mais pra frente vou colocar a última versão do primeiro capítulo, já algumas vezes mais elaborado e melhor redigido.

Até!

J. C. Cartolano

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